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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Professor

O professor, em geral, aprecia na criança três características: habilidade académica, alta motivação e conformismo social. De uma forma ou de outra, essa criança agrada tanto a pais como a professores, o seu trabalho será apreciado por todos e na escola terá maior capacidade de tolerância que as demais. Assim, é de se supor que as crianças que fogem a tais moldes (como é o caso da esmagadora maioria dos sobredotados) tornem-se insatisfeitas e frustradas e desapontem pais e professores.
Parece estar mais ou menos disseminada a ideia segundo a qual, por uma espécie de milagre, o sobredotado nalguma aptidão ou talento, encontrará meios de desenvolver ao máximo as suas potencialidades, mesmo submetido aos mesmos procedimentos, esquemas, ritmos de aprendizagem e ensino que os seus companheiros menos dotados. Não é raro que a criança sobredotada seja até hostilizada, directa ou indirectamente, por professores que constatam que ela já sabe tudo quanto lhe pretendem ensinar ou que domina, em poucos dias, o que os companheiros de classe levam semanas ou meses. Noutras ocasiões, supõe-se que "ela sabe mais, aprende demais, então pode-se deixá-la entregue à sua própria sorte".
Como consequência, o sobredotado muitas vezes acomoda-se, já que os desafios propostos pela escola estão muito abaixo da sua capacidade, produzindo muito menos do que é capaz simplesmente por estar desmotivado. Por outras palavras, o seu desenvolvimento é bloqueado e, caso não conte com pais que o estimulem e pessoas que o persuadam a, por si só, empenhar-se mais a fundo, fora da escola, no mundo dos conhecimentos e das práticas correspondentes à sua dotação, o sobredotado procurará realizar rapidamente os deveres escolares e desperdiçar a quase totalidade do seu tempo. É comum haver falta de motivação para a aprendizagem escolar devido à existência de muitos outros interesses e as atitudes de professores podem prejudicar o desenvolvimento do sobredotado.
Comentários como "tal aluno deve tirar boas notas porque é inteligente" e outros do género, fazem com que o sobredotado abdique e desista de seus talentos e aptidões, uma vez que, por tê-los, tem mais preocupações e obrigações do que os outros colegas. Os professores, por constatarem que tal aluno é mais inteligente ou talentoso do que os seus colegas de turma, frequentemente, passam a exibi-lo ou a protegê-lo, distinguindo-o dos demais e prejudicando as suas relações com os colegas, os quais passam a rejeitá-lo. Por vezes, o professor identifica-se com o sobredotado e projecta nele as suas aspirações e desejos, sendo a imagem daquele que gostaria de ter sido, do filho idealizado ou do indivíduo superior. Entretanto, pode também não aceitá-lo, desenvolvendo atitudes de antagonismo e oposição permanentes.
Professores que tiveram alunos brilhantes, geralmente têm prazer em contar, mais tarde, a sua experiência, embora no ensino tenham tido dúvidas, se tais crianças eram realmente sobredotadas, ou problemáticas, diferentes ou estranhas. Muito raramente o professor é tão talentoso como o seu aluno na sua área específica, e não tem tanta imaginação nem criatividade como ele.
O aluno sobredotado é curioso, inquisidor, instável e, por vezes, irritado e agressivo, exigindo muito da pessoa do professor. Nem sempre este está psicologicamente preparado para enfrentá-lo e, portanto, sente-se inseguro, inferiorizado e perseguido, porque aquele é o aluno que sabe mais, que faz perguntas difíceis e que abala o seu status de saber e de autoridade. Muitos professores competem com seus alunos sobredotados e não admitem que estes últimos saibam mais do que eles ou que possam ter ideias mais criativas ou originais. Na verdade, os alunos sobredotados são diferentes dos outros em diversos aspectos. Eles aprendem com maior facilidade e rapidez, sentem uma necessidade quase compulsiva de fazer as coisas à sua própria maneira, são extremamente exigentes com os seus educadores, têm várias áreas de interesse intelectual, muitas vezes são academicamente superiores a colegas e professores, e são vistos como diferentes pelos demais alunos.Sendo as suas necessidades e características psicológicas relevantemente diferentes das dos alunos em geral, estes alunos precisam de um atendimento educacional também diferenciado, ou seja, preparado para lhes dar o tratamento adequado. Torna-se claro deste modo que a escola deve proporcionar uma educação que desenvolva as habilidades próprias de cada criança, enquanto o ambiente familiar deve proporcionar um clima de apoio social e emocional.Conhecendo esta realidade, devemos assumir o desafio de construir uma educação diferente, direccionada para a flexibilização e intervenção escolar. Uma das possíveis alterações a introduzir poderia ser ao nível do enriquecimento curricular e/ou extracurricular, contemplando actividades elaboradas, no sentido de ampliar e desenvolver o conhecimento, a compreensão, os processos, as habilidades, os interesses, etc. Também se poderia adoptar o sistema de aceleração, onde o estudante possa avançar num ou vários cursos, que lhe ofereçam um contexto curricular apropriado às suas capacidades, tendo em conta a idade mental e não a cronológica.Na maioria dos países as crianças sobredotadas encontram-se dentro de um sistema educativo que não lhes dá a devida atenção. É fundamental que os educadores possam ter formação profissional especializada, para que estes estejam preparados para lidar com procedimentos e instrumentos de identificação, avaliação e intervenção a nível psico-pedagógico.

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