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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

LIMIARES ENTRE TALENTO E LOUCURA

“ Muitas pessoas já me caracterizaram como louco. Resta saber se a loucura não representa, talvez, a forma mais elevada de inteligência. ”
Edgar Allan Poe ( 1809-1849 )

Variações extremas de humor, manias, fixações, dependência de álcool o drogas atormentam a vida de muitas mentes criativas. Embora a suspeita da relação entre genialidade e loucura se tenha perpetuado ao longo dos séculos , foi a partir dos anos 70 que Nancy Andreasen, psiquiatra da Universidade de Iowa e Kay Redfield Jamison nos anos 80, começaram a investigar este tema de uma forma mais sistemática. Ambos os estudos detectaram e provaram a presença de transtornos de humor caracterizados por fases depressivas em mentes criativas, segundo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Esses transtornos são marcados por estados depressivos que duram de duas a quatro semanas e prejudicam sensivelmente o quotidiano dos pacientes. Não conseguem divertirem-se, sofrem perturbações da concentração e do sono, tendo pensamentos demasiado negativos que acabam por acabam por beirar o desespero total – transtorno depressivo maior.
Entre estas mentes geniais persistem também os transtornos bipolares. As fases depressivas são alternadas com picos de euforia – episódios maníacos. Estes indivíduos quase não dormem, estão sempre ocupados com algo, os pensamentos saltam de um tema para outro e muitas vezes atribuem as suas ideias a si próprias. Jamison concluiu que 40% dos artistas examinados haveriam recorrido a tratamento psiquiátrico uma vez na vida. Hagop Aksikal verificou que dois terços dos 20 artistas entrevistados sofriam de episódios depressivos recorrentes, muitas vezes combinados com os chamados estados hipomaníacos.
Nesse meio tempo o pensamento aguçado, de criatividade incomum, e a produtividade elevada passaram até mesmo a serem considerados indícios no diagnóstico de fases maníacas. Mas como uma enfermidade tão perturbadora e destrutiva pode incrementar nosso poder criativo? Normalmente reina o caos entre os maníaco-depressivos, tanto no aspecto profissional quanto no pessoal. Quando estão com episódios maníacos, endividam-se, mantém relacionamentos duvidosos e aventuras sexuais sem medir as consequências. Agressões, alucinações também estão presentes. De seguida vem o mergulho em depressão profunda.
Joy Paul Guilford pensa a criatividade como a capacidade de diante um problema “encontrar respostas incomuns, de associação longínqua”. Para chegar a uma ideia original, abandonam caminhos já trilhados e pensão de um modo diferente. O intelecto não busca uma única solução correcta, move-se em diversas direcções. Os cérebros dos maníacos – depressivos trabalham à toa, despejando ideias nada convencionais. O psicólogo Eugen Bleuler, contemporâneo de Freud, reforça que o facto de neles as ideias fluírem com mais rapidez e, sobretudo, de as inibições desaparecem estimula as capacidades artísticas.” Desta forma, os pacientes de hipomania mostram superioridade em testes de associação de palavras: num espaço também pelo seu modo de falar. Tendem a fazer uso de rimas e empregam com frequência associações sonoras, tais como as aliterações. Além disso, seu vocabulário compreende em média três vezes mais neologismos em que o de uma pessoa saudável. Nestes pacientes em fase maníaca, a rapidez do processo de pensamento traduz-se numa elevação do quociente de inteligência. A energia e a concentração total caracterizam também as fases criadoras de muitos pintores, escritores, escultores e poetas.
Nancy Andreasen acrescenta que o sistema nervoso limitado de tempo e com uma palavra dada, são capazes de associar quantidade bem maior de conceitos que pessoas em perfeitas condições psíquicas. Estes distinguem-se por uma excelente capacidade de informações sensoriais, transformando-as em ideias criativas. A psicóloga supõe que a causa seja “ um defeito nos processos cognitivos que filtram esses estímulos.” Shelley Carson, da Universidade de Harvard e Jordan Peterson, da Universidade de Toronto, confirmam a suposição anterior pois entre 25 estudantes de desempenho criativo recrutados, com a ajuda de um teste, puderam descriminar a chamada inibição latente, ou seja, um mecanismo cognitivo que exclui do fluxo contínuo de dados sensoriais, aqueles que a experiência já demonstrou serem de pouca valia. No entanto, existe o outro lado da moeda. Peterson explica que é fundamental saber diferenciar essas ideias para não submergir no meio de tantas delas. A inteligência e a memória operacional trabalham em conjunto para evitar que as mentes criativas se afundem numa torrente de ideias. A experiência do mesmo com Carson deixa claro que um grau diminuto de inibição latente juntamente com uma flexibilidade de pensamento extrema pode, efectivamente, predispor o indivíduo às doenças mentais, ou a façanhas criativas. O “mecanismo interno de edição “ segundo Jamison, operaria com a correspondente sensibilidade, analisaria a utilidade das ideias produzidas pela mente hiperactiva e excluiria os excessos. Todas as ideias que na fase maníaca, se revelariam grandiosas, teriam de ser submetidas a uma triagem de um extremo rigor crítico. A criatividade brota da oposição entre racional e irracional. Estes espíritos arriscam-se a ir longe demais com os seus pensamentos, chegando a ultrapassar as fronteiras do inteligível.
Neste contexto, a arte pode mesmo funcionar como uma espécie de terapia. São vários os psicólogos que defendem que a actividade artística ajuda a proteger a “ mente brilhante” da destruição.

2 comentários:

Anónimo disse...

vcs podem mudar: pensão de um modo diferente

pensão??????????

what a shame!

Anónimo disse...

sim provavelmente as pessoas PENSAM de forma diferente